quarta-feira, 29 de junho de 2022

Doping legal?

Olá, Visitantes.

Aquela crise esportiva deflagrada por hackers russos que invadiram o sigilo da WADA (Agência Mundial Anti-Doping) e revelaram que ao menos quatro atletas ianques (as irmãs Williams, Elena Delle Donne e Simone Biles) fazem uso "legal" de substâncias ilegais, como esteróides, metanfetamina, etc, jamais poderá ser calada. Muitos de seus testes durante a última década deram positivo, mas foram ocultados pela WADA, sob a desculpa de que elas tinham permissão de usar tais remédios.

"O principal problema é o padrão duplo: Maria Sharapova foi suspensa por causa de meldonium absolutamente inócuo, enquanto as irmãs Williams estão usando drogas ilegais que são prescritas para pacientes com câncer. Isso tudo é feito em privado", diz Andrei Mitkov, agente esportivo russo. "Estes são jogos políticos sérios. É um monte de dinheiro e de influências. Agora, a WADA pode anular qualquer campeão ou designar qualquer campeão. O COI tenta resistir." (...) 

"No esporte a administração destes medicamentos é proibida, porque eles suprimem a dor, a pessoa não sente as barreiras aos seus esforços e danifica sua saúde. Isto dá uma vantagem significativa aos atletas, uma vez que elimina a dor que impede de chegar à meta, ou de jogar até ao fim. (...) Tudo isso provoca mais danos para a saúde, mas quando os atletas concorrem em alto nível, para eles isto é irrelevante. O importante é vencer (Retirado DAQUI)


Que ridículo: as irmãs Willians podem fazer uso de remédios poderosos, prescritos a pessoas com câncer, mas a russa Maria Sharapova fazer uso de uma substância inócua como remédio (meldonium, que só recentemente passou a ser considerada dopante)  foi suficiente para enviá-la ao ostracismo: foi punida com dois anos de suspensão.


Já a ginasta olímpica mais badalada do momento, Simone Biles, pode fazer uso de substâncias contra déficit de atenção e hiperatividade (anfetamina e metilfenidato) há muito tempo. São princípios ativos para o sistema nervoso central, que podem deixar a pessoa "ligadaça", menos sensível ao cansaço, à dor, a receios. Desta maneira, enquanto sob o efeito delas, ela ousa arriscar, ultrapassar limites, ciente de que só sentirá os efeitos deletérios do tremendo esforço a mais no outro dia.
Na Olimpíada do Rio em 2016, devidamente "batizada", ela arrasou com "incontestáveis" (segundo a grande podre mídia) 4 ouros e um bronze. Na Olimpíada de Tóquio 2021, ela não pôde fazer uso dessas substâncias, o que afetou de sobremaneira suas capacidades (oficialmente, o problema foi "saúde mental"), obrigando-a a desistir da maioria das competições. Porém, nas poucas em que participou, foi endeusada como um paradigma.

Mais uma vez, dois pesos e duas medidas: enquanto a Rússia foi massacrada pelo mundo pelo escândalo do esquema de doping que atingiu muitos de seus atletas, os atletas estadunidenses gozam da proteção da sua mídia e, até, da agência que os deveria punir, como fez com os russos. Algumas exceções na História (impossíveis até de amenizar) foram os pilantras estadunidenses Lance Armstrong, Marion Jones e Tim Montgomery, todos execrados e banidos do esporte.

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Vitórias sorrindo, enquanto a de trás,...!
Porém, o caso mais grotesco para mim é o de Florence Grifith-Joyner, super velocista estadunidense que, na Olimpíada de Seul em 1988, surpreendeu o mundo ao estabelecer tempos surreais para os 100 m (10,49s) e os 200 m (21,34s), que duram até hoje, além dos inacreditáveis 48,07s no revezamento 4x400 m (prova em que NUNCA foi especialista!). Só comparando: a medalha de ouro nos 400m nesses mesmos Jogos Olímpicos foi da russa Olga Bryzgina, com "meros" 48,65s! E vejam este detalhe "curioso" sobre a supercampeã:

"Até 1987, trabalhando como bancária e cabeleireira.
Muitas pessoas estavam mais que surpresas, estavam incrédulas. O que tornava seu sucesso em Indiana ainda mais ilógico é que ela havia abandonado o atletismo em 1986, para se dedicar ao seu emprego de bancária e, à noite, de cabeleireira. Quando decidiu voltar em abril de 1987, estava com quilos de sobrepeso. Em pouco mais de quatro meses, conquistou a medalha de prata no Campeonato Mundial de Roma." Retirado DAQUI.

Ou seja, em apenas pouco mais de um ano, ela saiu da aposentadoria para o Olimpo do atletismo! Mais dois detalhes: alguns meses após seu supremo feito em Seul, ela deixou as provas de velocidade (dizem, para não arriscar ser pega por exames antidoping que passariam a ser mais rigorosos e de surpresa) e pensou em se aventurar na maratona! E faleceu com apenas 38 anos, de ataque epiléptico severo, que se iniciaram três anos antes. Motivo de ter adquirido tal patologia: ignorado. Muito conveniente!

Em resumo, quem manda, pode! O resto,... o nome já diz tudo: não passa de resto!
Fabian.

Adendo (28/01/2017): As irmãs Williams protagonizaram mais uma vez uma final de Grand Slam, onde a caçula tornou-se a maior vencedora de Slams da era aberta. Fazer o quê se todo o tênis mundial se omite em reclamar do fato de duas jogadoras jogarem "dopadas legalmente"? O que mais me causa espécie (no mínimo) é a grande mídia incensar, glamourizar as duas, colocando-as como "exemplos de vitoriosas".




Logo após o último ponto, o comentarista da ESPN dizendo "Que cena linda!" do abraço das duas foi só o preâmbulo desta matéria, em que a mídia vendida investe na emoção para mascarar a covardia de se colocar pessoas "legalmente dopadas" contra tantas outras que se matam de treinar, mas quase sempre perdem para elas.
Como vocês se sentiriam vendo seus filhos, irmãos ou amigos fazendo tudo certo e sendo passados constantemente para trás com tais "legalidades"?

Adendo 2 (29/01/2017): Opostamente ao jogo das "doping sisters", a final masculina entre Federer e Nadal foi digna do Olimpo do Tênis. Que maravilha foi testemunhar essa beleza!

Nadal x Federer, final do Aberto da Austrália (Foto: Clive Brunskill / Staff / Getty Images)

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