segunda-feira, 12 de junho de 2023

Eça é para não se esquecer

Olá, Visitantes.

O texto abaixo, de autoria de Eça de Queiros (portanto, século XIX), é muito conhecido de todos os que têm um mínimo de curiosidade e vontade de sair do mainstream. pesquisando, fuçando, garimpando na imensidão virtual. É uma prova da ancestral influência e dominação judaica no seio dos povos que os acolhiam.

Já naquela época, a repulsa que a empáfia judaica suscitava era patente e este grande escritor não se furtou em "descer o malho". Marcante, corajoso e rascante,  merece ser relembrado. Aproveitei tais qualidades para fazer o trocadilho do título.

Em tempo: Optei por "modernizar" a ortografia apenas para melhor fluidez na leitura.
Fabian.

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"Sobre a nudez forte da realidade,
o manto diáfano da fantasia."

José Maria Eça de Queiroz
«Ainda que o Pedro Ermita desta nova cruzada constitucional seja um sacerdote, o Revd. Streker, capelão e pregador da corte, é evidente que ela não tira a sua força da paixão religiosa. As cinco chagas de Jesus nada têm que ver com estas petições que por toda a parte se assinam, pedindo ao governo que não permita aos judeus adquirirem propriedades, que não sejam admitidos aos cargos públicos e outras extravagancias góticas! O motivo do furor anti-semítico é simplesmente a crescente prosperidade da colônia judaica, colônia relativamente pequena, apenas composta de 400.000 judeus; mas que, pela sua atividade, a sua pertinácia, a sua disciplina, está fazendo uma concorrência triunfante à burguesia alemã.

A alta finança e o pequeno comércio estão-lhe igualmente nas mãos: é o judeu que empresta aos Estados e aos príncipes e é a ele que o pequeno proprietário hipoteca as terras. Nas profissões liberais, absorve tudo: é ele o advogado com mais causas e o médico com mais clientela: se, na mesma rua, há dois tendeiros - um alemão e outro judeu - o filho da Germania, ao fim do ano, está falido, o filho d'Israel tem carruagem! Isto tornou-se mais frisante depois da guerra: e o bom alemão não pode tolerar este espetáculo do judeu engordando, enriquecendo, reluzindo, enquanto ele, carregado de louros, tem de emigrar para a America em busca de pão.

Mas se a riqueza do judeu o irrita, a ostentação que o judeu faz da sua riqueza enlouquece-o de furor. E, neste ponto, devo dizer que o alemão tem razão. A antiga legenda do israelita, magro, esguio, adunco, caminhando cosido com a parede e coando por entre as pálpebras um olhar turvo e desconfiado pertence ao passado. O judeu hoje é um gordo. Traz a cabeça alta, tem a pança ostentosa e enche a rua. É necessário vê-los em Londres, em Berlim ou em Viena: nas menores cousas, entrando em um café ou ocupando uma cadeira no teatro, têm um ar arrogante e ricaço, que escandaliza. A sua pompa espetaculosa de Salomões parvenús ofende o nosso gosto contemporâneo, que é sóbrio. Falam sempre alto, como em país vencido e em um restaurante de Londres ou de Berlim, nada há mais intolerável que a gralhada semítica. Cobrem-se de jóias, todos os arreios das carruagens são de ouro e amam o luxo grosseiro e vistoso. Tudo isto irrita.

Mas o pior ainda, na Alemanha, é o hábil plano com que fortificam a sua prosperidade e garantem a sua influência - plano tão hábil que tem um sabor de conspiração: na Alemanha, o judeu, lentamente, surdamente, tem-se apoderado das duas grandes forças sociais: a Bolsa e Imprensa. Quase todas as grandes casas bancárias da Alemanha, quase todos os grandes jornais, estão na posse do semita. Assim, torna-se inatacável. De modo que não só expulsa o alemão das profissões liberais, o humilha com a sua opulência rutilante e o traz dependente pelo capital; mas, injúria suprema, pela voz dos seus jornais, ordena-lhe o que há-de fazer, o que há-de pensar, como se há-de governar e com que se há-de bater!

Tudo isto ainda seria suportável se o judeu se fundisse com a raça indígena. Mas não. O mundo judeu conserva-se isolado, compacto, inacessível e impenetrável. As muralhas formidáveis do templo de Salomão, que foram arrasadas, continuam a pôr em torno dele um obstaculo de cidadelas. Dentro de Berlim, há uma verdadeira Jerusalém inexpugnável: aí, se refugiam com o seu Deus, o seu livro, os seus costumes, o seu Sabbath, a sua língua, o seu orgulho, a sua secura, gozando o ouro e desprezando o cristão. Invadem a sociedade alemã, querem lá brilhar e dominar, mas não permitem que o alemão meta sequer o bico do sapato dentro da sociedade judaica. Só casam entre si; entre si, ajudam-se regiamente, dando-se uns aos outros milhões, mas não favoreceriam com um troco um alemão esfomeado; e põem um orgulho, um coquetismo insolente em se diferenciar do resto da nação em tudo, desde a maneira de pensar até a maneira de vestir. Naturalmente, um exclusivismo tão acentuado é interpretado como hostilidade - e pago com ódio.

Tudo isto, no entanto, é a luta pela existência. O judeu é o mais forte, o judeu triunfa. O dever do alemão seria exercer o músculo, aguçar o intelecto, esforçar-se, puxar-se para a frente para ser, por seu turno, o mais forte. Não o faz: em logar disso, volta-se miseravelmente, covardemente, para o governo e peticiona, em grandes rolos de papel, que seja expulso o judeu dos direitos civis, porque o judeu é rico e porque o judeu é forte

- Eça de Queiros, "Cartas de Inglaterra", Livraria Chardron De Lello e Irmão - Editores, Porto, 1905.
[Este texto jornalístico de Eça comenta uma declaração do Governo Bismarck, segunda a qual o Governo Alemão afirmava não estar nas suas perspectivas retirar quaisquer direitos à população judaica.]

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