sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Owens Imortal

Olá, Visitantes.

Todo ano olímpico é isso: rememoração (mais do que merecida) dos maiores mitos das Olimpíadas. Provavelmente o mais emblemático de todos seja o monumental Jesse Owens. Este super atleta foi classificado para participar de quatro provas na Olimpíada de 1936, em Berlim. Lá, maravilhou o mundo ao conseguir quatro medalhas de ouro, com três recordes mundiais. É dito que seus feitos fizeram Hitler abandonar furioso o estádio e que ele, ao retornar aos EUA, foi recebido com honras de herói.

Linda historinha! Tudo muito bom, muito bem, mas... aí vêm uns adendos, corrigindo e/ou acrescentando detalhes de que o status quo não gosta nem um pouco, mas o Veritas não se faz de rogado em compartilhá-los.

Owens e seu grande amigo alemão Lutz Long
que "o ensinou a saltar"

1º- Os feitos de Owens e suas impressões foram registrados nos jornais da época. Veja esta declaração no Correio do Povo, após sua vitória nos 100 metros rasos em 03/08/1936:

 difícil imaginar como me sinto feliz. Pareceu-me de um momento para outro que, quando corria, possuía asas. Todo o estádio apresentava um aspecto tão festivo que me contagiei e foi com mais alegria que corri, parecendo que havia perdido o peso do meu corpo. O entusiasmo esportivo dos espectadores alemães me causou profunda impressão, especialmente a atitude cavalheiresca da assistência. Podem dizer a todos que agradecemos a hospitalidade germânica. (Jornal Correio do Povo, de 04/08/36).

2º- Owens ficou tão popular durante a olimpíada que precisou "pedir ajuda" a um colega, Herb Fleming, que era muito confundido com ele, para atender às centenas de pedidos de autógrafos diariamente feitos a ele pela população berlinense que se amontoava nas imediações da vila olímpica. Finda a Olimpíada, o governo alemão proporcionou a Jesse Owens e mais alguns atletas americanos uma exibição na cidade de Colônia.

3º- Ao retornar aos EUA, sentiu na pele todo o desprezo que sempre sentira em seu país. Ele mesmo conta em sua autobiografia, de 1970:

"Quando eu voltei para minha terra natal, apesar de todas as histórias sobre Hitler, eu não podia entrar no ônibus pela porta da frente e também não podia morar no lugar que eu queria. Eu não fui convidado a apertar as mãos de Hitler, mas também não fui à Casa Branca para apertar as mãos do presidente do meu país."

E mais à frente:
“Quando voltei dos Jogos Olímpicos com minhas quatro medalhas, todas as pessoas batiam em minhas costas me cumprimentavam e queriam apertar minhas mãos. Mas ninguém veio me oferecer um emprego."

E ainda, mais esta observação:
"Quando eu passei pelo Chanceler (Hitler), ele se levantou, acenou para mim e eu acenei de volta. Eu acho que os escritores mostraram má vontade ao criticar o homem da vez da Alemanha".

Só pra finalizar: apesar de todas as suas proezas olímpicas, realizadas aos 23 ANOS (auge de sua forma atlética), Jesse Owens NUNCA MAIS COMPETIU após 1936! Para sobreviver e ajudar a sustentar a família, abandonou os estudos no último ano porque negros na "América branca" não podiam receber ajuda de custo e aceitou competir em exibições contra qualquer pessoa, animal (cachorro, cavalo) e, até, motocicletas. Também aceitou discursar em qualquer evento a que fosse convidado. Por vários anos, trabalhou como REGENTE DE FANFARRA.

Na nefasta e hipócrita mistura de propaganda de guerra e preconceito, um mito da Humanidade é constantemente manipulado para servir a interesses pra lá de sórdidos, sendo o maior deles ESCONDER AS PRÓPRIAS CULPAS E CANALHICES.

Esta é a "maior" herança das guerras: A HIPOCRISIA! Não existem mocinhos nelas! Ao fim de qualquer uma, sobram apenas sofrimentos, escombros e vencidos. Os que podem ser considerados "vencedores" (parasitas) NUNCA participam das guerras que fomentam: os SUPER CAPITALISTAS, a quem a paz não gera lucros. Por isso, eles financiam os dois lados para depois, "oferecer ajuda para a reconstrução". Tão simples quanto inominavelmente cruel!

Que bom seria se, ao menos, pudéssemos conhecer melhor as biografias de atletas iluminados como (além de Owens) Jim Thorpe e Joe Louis (outros dois exemplos de injustiçados pelo racismo estadunidense), para servir de exemplo de vida, de superação e amor ao próximo baseados na limpeza em todos os sentidos. Ao invés disso, somos bombardeados com 'historinhas' manipuladas de atletas sob constantes e totais suspeitas de doping, como Florence Griffith-Joyner, Lance Armstrong, Michael Phelps e as irmãs Williams.

Em tempo: uma reportagem do Daily Mail, de agosto de 2009, com Siegfried Mischner, um jornalista que tem uma versão diferente da contada sobre Owens e Hitler:

Ele (Owens) tem sido considerado como a maior afronta na história esportiva: quando Adolf Hitler saiu do Estádio Olímpico de Berlim porque a Alemanha tinha sido humilhada por um homem negro.

O momento era 1936 e um incrível atleta americano chamado Jesse Owens acabara de iniciar o seu caminho para a primeira de quatro medalhas de ouro nos 100 metros.

Hitler, que tinha cumprimentado no dia anterior todos os vencedores olímpicos alemães, deixou o estádio furioso, visto que seus super-homens arianos tinham sido humilhados por uma suposta raça inferior.
E assim, a história segue.

Mas agora, um veterano repórter esportivo da Alemanha apareceu para afirmar que, apesar de Hitler, de fato, ter deixado o estádio após a corrida, não foi antes de apertar a mão de Owens.

Siegfried Mischner, 83, afirma que Owens c
arregava uma fotografia do Füehrer na carteira fazendo exatamente isso.

Owens, que sentiu que os jornais do dia informaram "injustamente" sobre a atitude de Hitler em relação a ele, tentou fazer com que Mischner e seus colegas jornalistas alterassem a versão aceita da história na década de 1960.
Mischner afirmou que Owens mostrou-lhe a fotografia e disse-lhe: "Esse foi um dos meus momentos mais bonitos."
 
Mischner disse: "Ela foi tirada atrás do suporte de honra e por isso não foi capturada pela imprensa mundial. Mas eu vi, eu vi ele apertando a mão de Hitler. A opinião predominante no pós-guerra era que a Alemanha de Hitler ignorou Owens. Por isso, decidimos não informar sobre a foto. O consenso era de que Hitler tinha de continuar a ser pintado sob uma luz ruim em relação a Owens."
 
Mischner, que passou a escrever um livro sobre as Olimpíadas de 1936, disse que outros jornalistas estavam com ele no dia em que Owens produziu a foto e eles também não informaram sobre ela.

Fabian.

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