segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Ditadura da beleza

Olá, Visitantes.

Causa-me espécie o incrível esforço que as pessoas (especialmente a mulher) fazem para ser notadas, admiradas. Não me refiro a simplesmente se vestir bem, arrumar o cabelo, pôr brincos, etc. Caprichar na indumentária e na assepsia visual é algo natural para a autoestima e convivência.

Quando disse “esforço”, me referi aos exageros e abusos a que muitos se submetem sem a menor necessidade, exceto satisfazer a DITADURA DA BELEZA , que prima pelo “externo impecável”. E absolutamente volúvel e volátil.


Para isso, a pessoa vai desde maquiagens até surreais (mera auto enganação), que só escondem todo e qualquer problema visual que estale na desmentalidade da infeliz e a deprima, até intervenções cirúrgicas (de lipoaspiração e silicone até extração de costelas flutuantes) para uma reengenharia estrutural.

Como dizem: “Cada um é cada qual”. Submeter-se a determinados sacrifícios e, mesmo, vilipêndios no intuito de melhorar seus padrões mental e emocional de vida é algo bem válido. O problema é que a sociedade moderna é tão tirânica nesse quesito “aparência” que todos aqueles que querem ser aceitos, ter seu “lugar ao Sol”, seus “15 minutos de fama”, despirocam ainda mais sua já decantada oligofrenia extrapolando sua busca pela “perfeição”.

Mesmo pessoas já belas e atraentes se enxergam cheias de defeitos e passam horas a fio “consertando-os’. Cada curva, cada fio, cada tonalidade, tudo precisa coadunar para satisfazer sua imensa fragilidade espiritual cevada pela ditadura. Muitas vezes, o resultado é uma distorção tamanha que a infeliz fica até irreconhecível. No dia seguinte, ao acordar, vê sua realidade e se desespera cada vez mais (pois o tempo, indiferente, não para). Quando constata que seus "15 minutos" estão sendo substituídos por milhares de outros e um ostracismo aguarda o seu ego hiper-inflado, uma depressão sociopática germina.


Os antigos sempre disseram: "Mente desocupada é oficina do Diabo" e esses ególatras zumbis são tão úteis ao status quo que são cevados a pão-de-ló, protegidos pelo establishment e açulados a urrar pelos seus direitos de o serem, causando quantidades cavalares de dissensões e piores. E a sociedade paga cada centavo do ônus.

Só deixo uma questão: pra quê lutar por tanta atenção, se jamais conseguirá retribui-la aos seus devotos condignamente? E, uma vez conseguida, vem "uma pá" de problemas: obrigação de mantê-la acesa, investir tempo e recursos para tanto, reciclar-se diuturnamente para se adaptar às já ditas volubilidade e volatilidade dos modismos, suportar os "haters", os invejosos, os desocupados em geral, cujas vidas são tão inúteis que fazem da derrocada alheia seu modus vivendi.

Dito isso tudo, constato que a agenda de "zumbizar" a boiada humana segue de vento em popa e seus sucessos nessa empreitada saltam aos olhos. Mas a NOM sempre tem seus psicólogos e psiquiatras nos bolsos para "explicar e convencer" os infelizes que tudo é um processo comum na natureza humana. "Faz parte" e só resta a eles viverem "alegremente acomodados, conformados de pagar tudo calados, serem bancários, empregados, e jamais se aborrecerem" (Raul Seixas).
Fabian.

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