quinta-feira, 3 de novembro de 2022

O mito e o extraordinário

Olá, Visitantes.

Pudemos testemunhar no 2° turno da eleição presidencial de 2022 o confronto de dois seres que, não podemos deixar de admitir, são bem acima da média, social e politicamente falando. Um, chamado de “mito” (sentido BEM figurado) e outro, devido à sua trajetória de vida, um extraordinário.



O epíteto de Bolsonaro pode não ter a melhor das origens (pernas brancas de “parmito”), mas ele conseguiu fazer jus a ele em suas décadas de vida pública, jamais perdendo uma eleição. Não pela nobreza de seus feitos e atitudes (pra lá de toscos e pífios), mas pela sua capacidade de conflagrar uma montanha de admiradores fiéis e apaixonados que se identificam com ele e fazê-los seguir suas idéias e intenções.

Desde sempre, Bolsonaro mostrou-se autêntico e transparente em sua idiossincrasia: centenas de comentários e frases soezes, demonstrando seus posicionamentos misóginos (sua filha, uma “fraquejada”), racistas (“Quilombola 15 arrobas”), homofóbicos (“Nenhum pai tem orgulho de ter filho gay”), cruéis (imitando sufocamento), vexatórios (o coro “Imbroxável!”), degenerados (“Pintou um clima” com adolescentes) e tantos outros.

Tal personalidade não impediu que ele se elegesse presidente em 2018 com incríveis 57,8 milhões de votos (muitos de mulheres, negros e gays). E, após um mandato reiterando com requintes de crueldade sua personalidade, ele se utilizou sem pudores dos poderes da máquina pública (desde orçamento secreto até aparelhamento da PF) e conseguiu aumentar o número de fiéis seguidores, admiradores e, até, cúmplices para 58,2 milhões. Um feito digno de um mito.

Porém, mais incrivelmente ainda, com toda essa influência, aparato econômico e logística a seu favor, ele foi superado pelo único indivíduo capaz de realizar tal proeza. Lula sofreu uma sórdida perseguição político-jurídica poucas vezes vista no mundo e foi “enterrado vivo” (palavras próprias), quase incomunicável, por 580 dias aos 73 anos de idade. Nesse período de perseguição insana, perdeu esposa, um irmão e um neto. Sobreviveu firme.

Foram Aécio, Cunha, Moro e Dallagnol (apoiados pela grande podre mídia e pela omissão do judiciário) que encabeçaram uma máquina pútrida e destrutiva de falsidades e torpezas, utilizando-se de quaisquer artimanhas e deturpações possíveis para demonizá-lo, a sua família e a esquerda em geral, manipulando a oligofrenia coletiva aos seus objetivos e bel prazeres. Deu muito certo, mas Lula não apenas suportou o covarde jugo desses degenerados. Teve, paulatinamente, todas as acusações contra ele retiradas, limpando seu nome o suficiente para poder se candidatar novamente.

E ele superou durante a campanha eleitoral e praticamente sozinhose valendo de um carisma ímpar e extraordinário, toda a monstruosa carga de fake news (e piores) e toda oposição (coisa que NENHUM outro em seu lugar conseguiria) para se eleger presidente da república pela 3ª vez. Não me lembro de qualquer personalidade no mundo que tenha saído de um massacre político/midiático/social tão intenso e excruciante para o topo do mundo tão triunfantemente e em tão pouco tempo.

Dois homens antípodas na mentalidade, na moralidade e no trato em todos os níveis. Um, repelido por quase todo o mundo; outro, aplaudido. Um, com uma biografia prenhe de obscuridades e escândalos; outro, de realizações e contribuições. Dois homens que estarão na História por motivos díspares. De minha parte, sinto-me bem aliviado e feliz pelo fim (ao menos, aparente) da "Era Mítica".

Fabian.

4 comentários:

  1. Lula e Bolsonaro são faces da mesma moeda: a democracia. Esse regime político tem sido cultuado como se fosse o antídoto da ditadura.

    A democracia é boa para a classe política e ruim para os indivíduos. A classe política é bem remunerada. Vive às custas de impostos e criam leis em benefício próprio.

    A cada quatro anos nos é empurrado goela abaixo o dever de votarmos. Dizem-nos que o voto é a arma do cidadão. Essa dinâmica impede que a verdade dos fatos seja vista.

    Quanto mais pessoas militam por políticos, mais o sistema democrático se fortalece. A mentalidade de escravo apenas cresce nesse cenário.

    Continuaremos sustentando o atual presidente e os próximos, além dos vereadores, prefeitos, governadores, deputados e senadores.

    Na democracia você paga o salário de quem não contratou, além de financiar projetos que não deseja e serviços que não escolheu adquirir.

    A ex-presidente Dilma Rousseff proferiu uma frase, há alguns anos, que embora seja meio confusa nos diz o que ocorre ao final das eleições:

    “Não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder.”

    Obviamente que esse “vai todo mundo perder” se refere ao povo e não aos políticos, que desejam apenas o seu apoio incondicional por toda a vida.

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    1. Concordo com cada ponderação, meu caro.

      A solução seria a ruptura total dos grilhões criados e mantidos pelos grandes parasitas.

      Porém, sabemos que isso exige tudo dos revoltosos: iniciativa, união, dedicação, pertinácia, sabedoria, força, resistência, compreensão,...!

      Como disse Tolstoi, brilhante, cirúrgico e terminante: "As elites estão dispostas a fazer qualquer coisa pelos pobres. Exceto descer de suas costas".

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  2. “Esqueça os políticos. Os políticos são colocados lá para lhe dar a ideia de que você tem liberdade de escolha. Você não tem. Você não tem escolha. Você tem donos. Eles possuem você. Eles são donos de tudo. Eles possuem todas as terras importantes, eles possuem e controlam as corporações que há muito compraram e pagaram, o Senado, o Congresso, as assembleias estaduais, as prefeituras, eles têm os juízes no bolso, e eles possuem todas as grandes empresas de mídia para que elas controlem quase todas as notícias e informações que você ouve. Eles te pegaram pelas bolas. Eles gastam bilhões de dólares todos os anos fazendo lobby para conseguir o que querem. Bem, nós sabemos o que eles querem. Eles querem mais para si mesmos e menos para todos os outros. Mas eu vou te dizer o que eles não querem. Eles não querem uma população de cidadãos capazes de pensar criticamente. Eles não querem pessoas bem informadas e educadas, capazes de pensamento crítico. Eles não estão interessados ​​nisso. Isso não os ajuda.” ~ (George Carlin)

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    1. Desde quando Mayer Rothschild disse: "Deixe-me emitir e controlar o dinheiro de uma nação e não me importarei com quem redige as leis", tamanho controle vem se escancarando cada vez mais.
      A matrix existe e é absolutamente parasítica.

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